domingo, 9 de maio de 2010

A MULHER DO LADO ("La Femme d'à Côté")

“Depois das sete apresentações da semana de pré-estréias gauloises da “Gaumont do Brasil”, a sala Villa-Lobos, quinta-feira, perpetra o previsível, o inevitável, faz uma avant-premiére que já é o lançamento regular do mais recente filme de Truffaut. Ah, Truffaut! Inefável Truffaut! Comme vous aimez trop la douceur, les petites verités, en nom de les profonds penses, des étonnants observations, du grand (et fausse) cinema! E como há quem adore teus filmes! Nós, porém, sempre tivemos uma ligeira desconfiança. E depois desse anterior, Le Dernier Metro, então desistimos, quase de vez. Aqui, Truffaut inspirou-se ao ver uma tele-atriz (a novata e ao que parece, não muito promissora Fanny Ardant) numa novela da TV de lá, que tinha quase o mesmo título (Les Dames de la Cote) que ele deu a este seu filme. E logo a imaginou amando e sofrendo por Gérard Depardieu. Aqui, Fanny é a vizinha cujo “relacionamento” com o boxeur face Depardieu tem aqueles doces ressentimentos, aqueles amargos júbilos de todo amor que dura anos e anos, com interrupções, desentendimentos, fugas, sublimes reconciliações e, até mesmo, não prescinde do desfecho trágico, para melhor marcar. Tudo puro Truffaut, para quem gosta de Truffaut mesmo.”


Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 27/03/82.


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