domingo, 9 de maio de 2010

A LAGOA AZUL ("The Blue Lagoon")

“Há 31 anos, nem mesmo tendo como heroína uma Jean Simmons, então no auge de sua beleza juvenil e de um talento vibrante e intenso, que então a equiparava a todas as grandes inglesas do cinema (Merle Oberon, Vivien Leigh, Deborah Kerr), e nem com a direção de um roteirista-diretor inteligente como Frank Launder, esta história de dois adolescentes que ficam definitivamente perdidos numa ilha deserta deu bom rendimento fílmico. O que esperar agora, quando o cinema americano de há muito (salvo raríssimas exceções como “Norma Rae”, “Heróis sem Amanhã”, “A Rosa”, “Cinzas no Paraíso”) não nos apresenta filmes à altura de suas melhores tradições? E ainda mais, tendo como diretor o mesmo elemento responsável por “Nos Tempos da Brilhantina” e “O Rapaz na Bolha de Plástico”? E como intérpretes, uma figura mais do que discutível como a já obesa e aburguesada Brooke Shields, que foi lançada em “Pretty Baby”, e um galãzinho “atual new look” que parece ainda mais problemático que aquele que, em 1948/49, foi impingido à indefesa Miss Simmons? Ademais, há o escárnio de uma dublagem, nos cinemas que discriminamos acima e que devem também ser discriminados pelo espectador cioso de seus direitos (a menos que seja analfabeto, o que já seria outro problema a examinar).”


Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 18/01/81.


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