
Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 19/03/78.
Críticas de Rubem Biáfora, selecionadas por Sergio Andrade
“Uma surpresa. De certo modo o único filme “não torto”, o filme de emoções e proposições mais diretas e mais normais apresentado no último festival de Gramado. Uma revelação vinda de Geraldo Santos Pereira, que anteriormente com seu irmão Renato havia realizado “Rebelião
Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 15/05/77.
“Filme da dupla Isabel Sarli-Armando Bó, que aqui esteve proibido pela censura por vários anos, como comprova a presença no elenco do elemento do nossos rádios, TV e teatro, Ciro Bassini, que faleceu em 16 de outubro de 1971. Isabel foi “Miss Argentina”, em 1955 ou 56 competindo com a brasileira Emilia Correia Lima e logo descoberta por Bó para o cinema. Isso com “El Trueno Entre las Hojas” (58), que no entanto aqui passou depois de “Sabalerod” (59). Prosseguiu com “Índia” (60), “Y el Demonio Creó a los Hombres” (60), “Favela” (de 61 e ao que parece o único em real co-produção com ou produção no Brasil), “Lujuria Tropical”, “
Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 29/04/79.
“O diretor Don Siegel é um caso raríssimo. Ao que lembramos assim de momento, o único na história do cinema que quarto de século após sua revelação – “Justiça Tardia” (“The Verdict”), Warner, 46 – após interregnos e filmes de algum ou nenhum interesse, reaparece e se firma com uma obra-prima absoluta, uma “reussite” até deslocada no contexto e na mediocridade estabelecida do ano (ou da década?) de sua realização: “O Estranho que nós Amamos” (“The Beguiled”) – Hollywood, 1971. É verdade que em 56 ele já havia obtido outro, mais pelo tema de “science fiction” – aqui no Brasil, praticamente impossível de ser aferido, pois à época de seu lançamento veio numa das mais típicas e sintomáticas cópias “hechitas en casa” – “Vampiros de Almas”. E, oito anos depois, fazia a refilmagem para a TV de um clássico de Siodmak, “Os Assassinos” (“The Killers”), tão apreciada que acabou adquirida para lançamento mundial nos cinemas de verdade. Agora de novo está Siegel de volta. É verdade que arcando com o peso da sociedade (compulsória desde o êxito da ajuda ou associação com o ator-produtor Clint Eastwood em “O Estranho”...). Mas talento é talento e sempre se poderá esperar algo do cineasta que aqui trata de misteriosa ou hipotética escapada dos únicos três convictos que talvez tenham conseguido fugir da ilha-presídio de Alcatraz, em seus 29 anos de sombrio funcionamento. Hoje, ‘Alcatraz”, fechada em 1963, está aberta à visitação turística desde
Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 18/11/79.
“Eis no que dá a ação quinta-coluna de certo tipo de crítica e teóricos paulistas quando, ao contrário dos cariocas, faz o que faz com São Paulo propiciando piadas como o último aborto na APCA. Com que motivação e com que respeito os financiadores, distribuidores ou exibidores paulistanos vão-se arriscar a programações mais límpidas se o escárneo e o apedrejamento é a regra para qualquer tentativa empenhada? Assim o monopólio do “sério” fica para o regional, o sestroso, o afro-sincrético que se perpetra além fronteiras de Queluz, onde está instalada a glória, o dinheiro fácil, a consagração pré-combinada, a sensação de poderio pela qual todos ficam alucinados. Com os filmes do Rio, jamais cariocas, baianos, mineiros, gaúchos e os Quislings paulistas se atrevem a falsas exigências como as que aqui nos fazem e que aliás lá na Guanabara seriam rebatidas da maneira mais “cangaceira” possível. Explicação mais viável: rivalidades pessoais, imediatismo, nenhuma afinidade, repulsa mesmo pelas fontes luso-cristão-européias que o cinema de São Paulo tem
Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 13/01/80.