quarta-feira, 15 de julho de 2009

O GRANDE DESBUM


"Quase uma transcrição da peça de Martins Penna, tal como a encenou Antonio Pedro no teatro carioca e com esse trabalho ganhando o Prêmio Moliere. O encenador dividiu a direção cinematográfica com Braz Chediak, que com ele fez também o roteiro. Parece que estamos diante de teatro filmado, mesmo porque Chediak para a façanha, ao contrário de "Navalha na Carne" não contou com a presença carismática de Glauce Rocha. A peça original "As Desgraças de uma Criança", apesar de seu tom farsesco foi tratada por Penna com a seriedade de 1887. É isso que lhe dá sabor: as sombras sagradas de Labiche ("O Chapéu de Palha da Itália") e Beaumarchais ("O Barbeiro de Sevilha") não podiam deixar de estar presentes. A jovem senhora Rita (Tessy Callado) vai à Missa do Galo e deixa a aia Madalena (Marília Pera) tomando conta de seu bebê. Mas a aia igualmente quer espiar a festa e deixa seu amante Pacífico (o próprio co-encenador Antonio Pedro, também ator e, aliás, bom como tal e como tipo) vigiando a criança. Esta estranha e chora. Pacífico então veste-se de mulher para que ela o tome pela aia e fique calma. Aí chega Manoel Igreja (Ney Latorraca), que supondo que Pedro é Marília tenta seduzí-lo. Complicam-se então os qui-pro-quós, bem na linha dos séculos 18 e 19. Resta saber agora se todo este rosário de implicações e decorrências, no atual impasse em que está o cinema nacional, foi levado a termo da maneira conveniente."

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 18/02/79.

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