terça-feira, 14 de julho de 2009

ESPOSAMANTE ("Mogliamante")

"Mas numa ótica atual, não há dúvida que a estréia mais satisfatória destes sete dias de cinema é esta nova realização de Marco Vicario, o antigo ator que se iniciou como diretor em excelente plano de exigência cinemática com "As Horas Nuas" (1964) mas logo no ano seguinte se afirmava quase que apenas mais comercialmente com uma aventura policial á italliana como "Sete Homens de Ouro". Aqui Vicario parece ter voltado um tanto ao clima de "As Horas Nuas", de permeio com semelhanças a obras de prestígio de outros colegas seus como Mauro Bolognini ("Ferramonti", "Per le Antidre Scale"), Patroni-Griffi ("Divina Creatura"), Monicelli ("Os Companheiros"). Na história, o desencontro de um casal. A mulher Antonia (Laura Antonelli), sente-se insatisfeita com o desinteresse do marido, Luigi (Mastroianni), negociante de vinhos, anarquista militante e mulherengo inveterado. Uma intriga política obriga Luigi a procurar passar por morto e se refugiar no sótão da casa de um vizinho, Vincenzo (Gastone Moschin). Ignorando que o marido esteja vivo, Antonia se liberta e passa a se redescobrir como mulher e, ao mesmo tempo, a descobrir as outras verdades sobre a existência e a personalidade do marido, até que um imprevisto põe novamente face a face o homem, derrotado, e a esposa, conscia de todo o seu fascínio feminino. A ação se passa no início do século e isso - segundo voz geral - permitiu um primoroso trabalho de reconstituição de época, todo um requinte de produção. Também segundo referências unânimes, o melhor filme de Vicario desde sua promissora estréia em "Le Ore Nude" e um dos melhores do cinema italiano nestas duas últimas temporadas."

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 15/07/79.

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