terça-feira, 14 de julho de 2009

HISTÓRIAS QUE NOSSAS BABÁS NÃO CONTAVAM

"A Cinedistri, que começou e cresceu sempre à sombra e ao deleite do fenômeno "chanchada", e "chanchada" preferível e principalmente carioca, só mesmo ela poderia ser a pioneira do gênero que, ao que parece, agora vai criar mais este seu "novo grande esforço de produção" - não uma "pornô-chanchada" como "O Bem Dotado" etc. mas um "pornô-conto-de-fadas" (como aliás já se andou falando em outros países). Aqui é Branca de Neve que entra em causa, aproveitando construção típica existente, não lembramos onde, e provavelmente parte das roupas e adereços de "Independência ou Morte" e do ainda inédito mas anterior "O Caçador de Esmeraldas". E assim temos uma Clara das Neves na pele da mulatinha Adele Fátima e sete anões "tarados" - sete não, porque um é muito doméstico e entra na ação para propiciar um final bem mais de acordo com as intenções da película cujo próprio folheto publicitário classifica de "sátira à brasileira", "repleta do mais requintado e autêntico humor...e que atinge em sua plenitude os padrões de qualidade das maiores produções internacionais" (sic). Uma coisa é verdade: na atual "conjuntura" de nosso inefável cinema, até que a fita tem uma propriedade, dentro de seus propósitos (ou devemos dar uma de "rebelde" universitário ou intelectual de "esquerda festiva" e falar em "proposta", em "espaço cultural", "nível de leitura" e outras gírias "transcendentes" que a cada minuto são inventadas para deslumbrar os "off" situacionismo "dolce vita"?): a mobilização de Meiry Vieira, com o seu tipo de vampiro-1927, de mulher-aranha ou viúva negra, inegavelmente adequada para a rainha perversa que manda matar a pobre enteada, não por inveja da beleza, mas porque ela poderá por-lhe em perigo o trono (isto é, o poder e dinheiro) e o príncipe encantado de quem é amante. Esta sim, uma tacada de mestre!"

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo", de 18/11/79.

2 comentários:

Vlademir disse...

Esse filme é impagavel!

Sergio Andrade disse...

Com certeza!