domingo, 2 de janeiro de 2011

RITMO ALUCINANTE

“Eis um dos descaminhos para os quais anda sendo de tremenda “inocência útil” a apressada, a irrefletida, a quase irresponsável portaria que mandou aumentar o número de dias para exibição obrigatória de filmes nacionais, quaisquer que sejam eles e tenham sido produzidos com quaisquer outras intenções que não as de fazer cinema ou então diversão com decência e conhecimento de causa. Por outra, uma tendência perigosa anda se instalando no também já quase falido setor das “programações de arte”: pensar que qualquer fita com “rock” ou música “pop” é substitutivo à altura. Aqui, segundo o folheto publicitário, temos o “registro dos concertos (?) que levaram mais de 40 mil pessoas ao campo do Botafogo no primeiro grande festival de “rock” do Brasil, no verão de 1975.” Como vemos um “Woodstock” ou um “Big Sur” à guanabarina. Claro que os três cinemas imediatamente franqueados à programação da fita (e que em média têm sido negaceados a outras películas nacionais não adventícias, mais trabalhadas ou de maior empenho) devem ter sido dados mais pensando na atualidade comercial do “affair” Rita Lee. Nisso o ex-INC, o ministro Ney Braga ou os teóricos “nacionalistas” não pensam. E assim vai, prosseguindo a odisséia, o irrevelado calvário do cinema nacional.”

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 12/09/76.

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