domingo, 2 de janeiro de 2011

AMOR E MEDO


“Segundo o folheto publicitário “a história de um jovem típico da década de 60: os Beatles, Vietnã, Biafra, a libertação sexual, a pílula e violência foram o seu dia a dia e sua formação” (?). “Ele faz cinema (que luxo, um luxo que de 15 anos até sua morte outro dia foi vedado a um gênio como Fritz Lang, bem como vedadas estavam ou estão sendo figuras míticas como King Vidor, Wyler, Brown, Siodmak, Sternberg, Mamoulian, Walsh, Machaty, Pabst e tantos outros) numa esperança de registrar e compreender o mundo” (!!!???). Produto típico de um proselitismo criminoso, gerado nas frustrações de “teóricos” com veleidades tolas ou ao contrário espertas lideranças e gerado na euforia “maria antonienesca” do juscelinismo e, depois, nas miragens e promessas janguistas de “poderes e mordomias” a alguns grupos privilegiados de “elites” e de “eleitos”, a fita até que tem certa beleza fotográfica e certa eficiência ao ligar sequências em branco e preto e sequências coloridas “rodadas” com um interregno de três ou quatro anos. Mas é obra de um “amor” e um “medo” que não pertencem a qualquer realidade conhecida, a não ser a dos “slogans” que fizeram a claque e a falta de “comunicação” do cinema-novismo. No elenco, uma Irene Stefania, que tinha tudo, mas não quis ser a maior atriz de cinema do Brasil (na certa lhe disseram que isso era “caretice”) e um inacreditável José Wilker, que se situa justamente no parâmetro oposto.”

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 15/08/76.

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