domingo, 2 de janeiro de 2011

NINGUÉM SEGURA ESSAS MULHERES

“Aproveitando o aparente lado “New Deal”, e mito Frank Capra de suas atividades na TV, Silvio Santos, fazendo cinema, tinha indiscutíveis possibilidades de render cifrões como Roberto Carlos e de se aproximar da essencialidade tipológica de Erasmo Carlos. Infelizmente, porém, ele resolveu ser só produtor, não ator e aproveitar no título apenas um dos “slogans” de seus tele-programas, comparecendo com um filme de quatro histórias, quatro diretores e outros interpretes. No episodio dirigido por Jece Valadão este teve o louvável espírito esportivo de colocar o barítono Paulo Fortes, que já havia “roubado” completamente dois de seus filmes anteriores: “O Enterro da Cafetina” e “A Filha de Madame Betina”. E no episódio dirigido por Miziara, o fotógrafo Meliande aconselhou a categoria cênica de Sergio Hingst. Com o devido respeito a firma produtora deu-lhes (bem como à veterana do teatro Elza Gomes) participação especial nos letreiros. Mas a Cinedistri, que pelo visto não respeita o mérito da Opera, grande presença cinemática ou longa carreira nos palcos, escondeu-lhes os nomes como se fossem simples coadjuvantes, repetindo, aliás, a façanha cometida contra o mesmo Hingst e Flora Geni em “O Dia que o Santo Pecou”. Um detalhe, apenas um detalhe. Sem importância para a distribuidora. Sintomático, porém.”

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 30/05/76.

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