domingo, 2 de janeiro de 2011

O PERDIDO ("Der Verlorene")


“Em 1945, em Londres, um eminente médico recorda o que lhe aconteceu em Hamburgo, em 1943, durante o nazismo, quando dirigia um instituto de pesquisas biológicas e induzido por um colega, estrangulou sua noiva julgando-a uma prostituta e espiã a serviço dos ingleses. E, ao reencontrar o antigo companheiro, toma a única atitude que crê justa. De certo modo, como também “Sinais de Vida” de Herzog, uma alegoria de nítido endereço, na linha agora utilizada pelo checo Milos Forman em “Um Estranho no Ninho”. Cinema político por excelência, “Der Verlorene” foi considerado por Lotte H. Eisner “o melhor filme alemão desde 1933”. Mas muita gente bem mais interessada em cinema e não em “composição”, como o crítico espanhol Carlos Fernandez Cuenca, situa esta primeira e derradeira direção do ator Peter Lorre ao voltar à sua terra após seu triunfo mundial em “O Vampiro de Dusseldorf” e após um exílio de 20 anos, como um filme realmente importante, realizado com inspiração e rigor. No “script” está o autor do argumento de “Marrocos”, o primeiro filme americano de Marlene: Benno Vigny. Na fotografia, o renomado Václav Vich reporta-se de maneira brilhante à melhor tradição do cinema alemão, do Expressionismo ao Realismo. E na música, o mesmo Willy Schmidt-Gentner que com suas canções húngaras talvez tenha sido o fator maior do êxito mundial e fulminante de Martha Eggerth em “Sinfonia Inacabada”. E mais uma obra-prima do cinema mundial que nunca chegou ao nosso público.”

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 22/08/76.

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