domingo, 24 de abril de 2011

SETE MULHERES PARA UM HOMEM SÓ

“Marlene Dietrich, depois de “Mulher Satânica” (1935), ou talvez ainda “Anjo” (37), e Greta Garbo, depois de “Duas Vezes Meu” (41), nem mesmo sendo as deusas que eram e mesmo tendo milhões de fãs pelo mundo todo, conseguiram condições para produzir sequer um novo filme como seria o certo – para elas e na sua grande forma (não falamos aqui em “A Mundana” (48) ou “Testemunha de Acusação” (58) pois estes foram apenas “chances” de período de sobrevivência que o talento e a excepcionalidade de Dietrich aproveitaram à quintessência. Se tal tivesse acontecido, sem dúvida alguma, em muita coisa o panorama artístico internacional teria sido outro. Bem! Não aconteceu com elas, nem em Hollywood, nem em Roma, Paris, Londres, nem em Berlim (culpa da ocupação e da vocação perseguidora e suicida do mundo aliado), nem em Estocolmo (culpa cabal, total e imperdoável de Ingmar Bergman). Mas aconteceu no Rio (com o auxilio financeiro e apoio específico do produtor paulista Elias Cury) para Lameri Faria ostentar todo o seu absurdo cinematográfico em mais esta pornochanchada terrível imaginada e perpetrada por seu marido, o também ex-ator Mozael Silveira. A história, como sempre acontece nas produções do gênero e intenções, não é exatamente o que o título sugere mas sim a narrativa claudicante de três ladras que se escondem numa casa que na ausência dos proprietários está sendo sublocada pelos irresponsáveis empregados. Aqueles chegando, a confusão é tanta que até a polícia acaba tendo que ser requisitada.”

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 29/05/77.

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