domingo, 24 de abril de 2011

CISCO PIKE


“Um filme que quase não chegava a este nosso tíbio e nada inteligente mercado cinematográfico. Motivo aparente ou evidente: - coerência, subordinação às verdadeiras normas do cinema sério, do cinema de empenho ou seja, cruel e desencantada visão do mundo, um mundo como ele é em média ou sempre nos epílogos sem máscara. Aqui temos quase uma autopsia do que aconteceu, continua e continuará a acontecer depois do desvanecimento do “sonho” ou da loucura “hippie” surgida nos anos 60. Um cantor, guitarrista e compositor, Cisco Pike (o ótimo Kris Kristoferson, estreando como ator) que vai sentindo que as mudanças do mundo que o fizeram surgir e tornar-se ídolo dos adolescentes ainda sem encargos na vida, também agora o transformam numa “sucata” a caminho do envelhecimento, da obesidade e do “chômage”. Sua pequena (Karen Black) tenta desviá-lo “dessa realidade”. E um corrupto sargento de polícia (o grande Gene Hackman) que antes o havia levado até as grades, agora procura utilizá-lo para dar último e definitivo grande golpe, através da capacidade do ex-ídolo em lidar com o “mercado proibido”. Talvez algo como o cruel e patético “Cidade das Ilusões” de Huston esta fita dirigida pelo estreante Bill L. Norton, um dos raros bem sucedidos alunos de cinema formados pela Universidade da Califórnia. A ver sem dúvida.”

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 26/12/77.

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