domingo, 24 de abril de 2011

REDE DE INTRIGAS ("Network")

“Uma espécie de “O Galante Mr. Deeds”, de “A Mulher faz o Homem” (“Mr. Smith goes to Washington”) ou de “Adorável Vagabundo” (“Meet John Doe”) transpostos para o nosso tempo e contra (contra?) a corrida ao dinheiro, às ambições de mando e gosto pelo poder – por estas razões em si nada além – que caracterizam principalmente o “boom” e o círculo vicioso da TV e do atual mundo das “comunicações”. De rosa, o “New Deal” de Capra-Roosevelt torna-se negro, pustulento, amarelo, marrom, tudo, menos branco, menos limpo. Resta agora saber, se como também no nacional “A Flor da Pele”, até que ponto, em arte, tudo o que existe se pode ser transformado em matéria de interesse de epopéia. A fita concorre a dez “Oscars” (filme, diretor, melhor atriz, dois atores centrais coadjuvantes masculino e feminino, etc.). Um dos atores, Peter Finch, concorre postumamente, fazendo um Gary Cooper ou James Stewart exausto e mais preocupado com o seu cargo que com a causa e esta sua derradeira interpretação é patética, conquanto não propriamente explêndida. E, assim, talvez o mais essencial do filme seja justamente o “porco capitalista” a cargo do Ned Beatty, que é o ator coadjuvante que concorre. Um inegável sinal de nossos tempos, repita-se.”

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 20/03/77.

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