domingo, 24 de abril de 2011

O PRÍNCIPE DA CIDADE ("Prince of the city")

“O Príncipe não é príncipe, mas um policial de Nova York que é escalado com outros sete investigadores e recebe da Divisão de Tóxicos de Nova York a incumbência de chegar até os altos figurões que controlam o tráfico de narcóticos na cidade. Mas Daniel Cello (Treat Williams) o herói deste filme talvez muito longo (quase três horas), não é bem isso. Já teve, também três ou cinco pecados de corrupção em sua folha de serviço. Além do mais, para poder exercer seu trabalho, normalmente tem que fornecer drogas aos seus informantes e, também, escamotear certos fatos, manter muitas vezes a boca calada, já que o exercício da honestidade muitas vezes exige que se transgridam leis. Paradoxo? O que sempre uma pessoa observadora vê ou percebe em suas imediações, não torna apropriada a expressão. O fato é que não excluindo o seu “feminino” e amargo “O Grupo”, toda a carreira de Lumet esta marcada por essas histórias da falência, dos descaminhos ou dilemas das pessoas policiais, instituições, a própria justiça: “Doze Homens e uma Sentença”, “Mulher Daquela Espécie”, “Panorama Visto da Ponte”, “Limite de Segurança”, “Sérpico”, “O Homem do Prego”. Nós porém o preferimos quando emaranhado no ambiente pantanoso e clima hemingwayano dos preconceitos e rancores da atrasada vida no Sul do EUA. Como em “Vidas em Fuga” (graças também a Anna Magnani) e em “Brutalidade Desenfreada”, ambos, salvo engano, devidos também a Tennessee Williams.”.

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 18/04/82.

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