sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O GUARANI

“Fauzi Mansur tem em seu ativo filmes com o capricho ou o realismo “noir” de “Sinal Vermelho – As Fêmeas” ou “A Noite dos Imbecis”. Mas, atendendo a atual voga “chauvinista-comercial”, criada aliás pelas tartufices cinemanovistas, chega-nos agora com mais esta versão do – em termos nacionais – muito filmado romance de Alencar, com todo seu romantismo desbragado e nem sempre coerente com as próprias idealizações a que se propôs (estamos falando do livro, já que ainda não vimos o filme). Este aliás foi o que mais esforço exigiu do diretor-produtor, o que lhe demandou mais tempo e mais exaustiva preparação. Estava, aliás, ao que parece, nas cogitações de Glauber Rocha. Talvez por “boutade”. Mas quem o levou a efeito foi Mansur que, para o papel de Ceci, tinha o que depois da proeza solitária em “O Rei da Noite”, era a intérprete ideal – Dorothée-Marie Bouvier. Ela, entretanto, a julgar pelas fotos, foi tratada, penteada e vestida como se fosse Dorothy Leirner, um outro estilo de personagem e de interpretação. No elenco, porém, entre colocações e contigências típicas do atual cinema nacional, e a julgar igualmente pelas fotos, outras adequações ou expressões como Luigi Picchi, Flavio Portho, parece que até Jofre Soares e, sobretudo, uma breve intervenção de Paulo Domingues que, com o bom uso de sua máscara pesada e expressiva, chega até a lembrar o “fácies” de Bruno S., o excepcional protagonista de “O Enigma de Kaspar Hauser”.”


Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 29/07/79.


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