segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

JOANA D'ARC ("Joan of Arc")


“A versão cinematográfica da peça de Maxwell Anderson sobre a donzela de Domremy que Ingrid Bergman, então reinando absoluta em Hollywood, praticamente financiou e produziu, sem entretanto obter o êxito de crítica e de público que esperava. Infelizmente cabe ressaltar que o erro de cálculo foi da atriz, pois com o tempo e dinheiro, pesquisas, confecção de ambientes e roupagens, celulóide, intérpretes masculinos e equipe técnica aqui despendidas, La Bergman poderia perfeitamente ter realizado umas três ou quatro fitas “normais” mas especiais para ela, naquela sua maravilhosa maneira de então e dependendo exclusivamente dela e de alguns diretores de talento à época disponíveis em Hollywood (um Edmund Goulding, um Fritz Lang, um King Vidor, um Mamoulian, Josef Von Sternberg e outros mais) e o resultado teria sido outro e talvez outra seria a crônica da Cidade do Cinema nos anos que se seguiram. Mas interpretar Joana era um de seus sonhos, como também de Michele Morgan, Luise Rainer e tantas outras “estrelas”. E o filme foi feito, sem atentar que utilizar uma peça de Maxwell Anderson representava risco muito grande (doze anos antes a versão em celulóide de “Mary Stuart” havia constituído o primeiro abalo na carreira, até então invicta, de Katharine Hepburn). Ingrid depois, já na malfadada fase Rossellini, interpretaria no cinema italiano e no teatro francês o oratório de Honnegger “Jeanne au Bucher” (“Giovanna d’Arco al Rogo”). Este “Joan of Arc” aqui foi originalmente lançado a 15 de maio de 1950, no circuito Art Palácio e Paratodos. E não obstante sua assimetria artística, por Ingrid, pela raridade e pelo que consubstancia uma época e algumas “práxis” do cinema norte-americano é uma “reprise” a ser vista.”

Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 14/11/76

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

A virgem de Orleans,melhor personagem feminino creio que não há.