segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

DUELO DE GIGANTES ("The Missouri Breaks")


“Uma história típica dos “westerns” dos grandes tempos. Mas os grandes tempos se encaixarão direito nos dias de hoje? Essa é a questão. De qualquer maneira, a história é de um “western” legítimo e não uma contrafacção a base de pseudônimos e clichês ridículos. Em Montana, 1880, um rancheiro (John McLiam) cansado das violências de um bando de ladrões de cavalos parte para a justiça sumária. Os quadrilheiros, chefiados pelo desordeiro Jack Nicholson, voltam à carga com mais fúria. McLiam então contrata um pistoleiro profissional (Marlon Brando) para exterminar a quadrilha. Mas sua filha (a novata Kathleen Lloyd) está apaixonada por Nicholson. E tudo caminha para o clássico embate final. Um filme de ambições intelectuais e conotações sócio-psicológicas, típico do estilo estranho e flutuante de Penn, que tanto pode apresentar obras discutíveis e destorcidas como “Mickey One”, “Caçada Humana”, “Alice’s Restaurant”, como também um apanhado exato sobre o mundo desatinado de hoje – caso de “Um Lance no Escuro”. No elenco, se a influência de Brando como diretor pode ser benéfica (não esqueçamos o expressivo “A Face Oculta”), a possibilidade de sua presença como ator, no estágio de degenerescência de tipo e “maneiras” em que se encontra é apavorante. Jack Nicholson, sobretudo depois do “Oscar” de “Um Estranho no Ninho” representa outro perigo: ele está cada vez mais apurando os defeitos que o afastam do único personagem realmente normal de “Easy Rider” e que o atiram aos impasses tipo Arthur Kennedy, Paul Muni ou James Cagney. Em todo o caso, pensando no inesperado acerto de “Lance no Escuro”, um filme precedido de elogios e restrições, mas a ver.”



Publicado Originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 21/10/76

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