segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

CASA MALUCA ("The Big Store")


“Houve um tempo em que as grandes lojas consubstanciavam quase todas as noções de conforto e prazer, luxo e requintes facultados pela Revolução Industrial (não haviam ainda inventado nem a “boutique” enganadora, nem o supermercado comum). Em Londres ou Paris, Nova York ou Berlim,Viena, Budapeste, Madrid ou Buenos Aires, até mesmo no Rio e em São Paulo, grande loja era uma espécie de vitrine feérica (daquelas com cristal, metais dourados, veludo vermelho e tudo) dos sonhos de consumo de qualquer mortal. Pois ainda desse tempo é a mítica que Groucho Marx (um detetive particular e guarda costas sem clientes) e seus dois irmãos, Harpo (seu cozinheiro, chofer, vigia, biscateiro, etc.) e Chico (um músico maluco, irmão de Harpo) põem de cabeça para baixo quando a vítima favorita de Groucho, a monumental Margaret Dumont, herdeira de um grande magazine, procurando detetive nos anúncios classificados vem a eles, ou melhor, vem a Groucho pedir ajuda: vários atentados foram feitos contra a vida de seu sócio e irmão adotivo Tony Martin e ela, Margaret, apesar de não ser nada frágil, está amedrontada. E recorre justamente a Groucho, que mesmo não sendo o assassino nem por isso acarretará menores hecatombes à respeitável matrona. Apesar da obscuridade do diretor Riesner, mais um filme dos Marx, mais um filme de Groucho, com sua “musa” Margaret Dumont. E um filme com uma parte de música, arranjos orquestrais e vocais e coreografia caprichados (Leo Arnaud depois estaria dando demonstrações de seu talento nos melhores musicais coloridos de Arthur Freed). E um elenco secundário com muita gente boa: Virginia Grey, Marion Martin, Russel Hicks, Douglas Dumbrille, Charles Lane, Joe Yule e a inimitavel Virginia O’Brien. Aqui originalmente lançado no antigo Metro, em fins de janeiro de 1942, “Casa Maluca” é uma “reprise” bem-vinda.”



Publicado originalmente no ‘O Estado de S. Paulo” de 24/10/76

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