segunda-feira, 1 de junho de 2009

O PREÇO DE UMA VIDA (“Musukoyo”)


“Um menino (Ken Tanaka), filho único, é assassinado por um débil mental (Shinobu Otake). O pai, enlouquecido ante a impotência da justiça, procura, como na sentença bíblica, tomá-la em suas próprias mãos, inclusive para que o fato não se repita e outros pais venham a sofrer o mesmo. A fita ficou em quinto lugar entre as dez melhores de 1979, escolhidas pelo Kinema Junpô, a revista quase oficial do cinema japonês. O primeiro lugar coube a uma direção de Shohei Imamura, que assim voltou ao realce no cinema de sua terra. E, tanto numa como noutra, o ator considerado melhor foi Tomisaburo Wakayama, intérprete realmente excepcional, o mesmo das séries dos bonzo malandro e do renegado vingador e o qual, há mais de 10 anos, vimos apontando como uma espécie de Charles Laughton da melhor fase (anos 32 a 34), época do Nero de “O Sinal da Cruz”, do uxoricida de “Castigo do Céu”, do louco doutor Moreau de “A Ilha das Almas Selvagens”, o protagonista de “Os Amores de Henrique VIII” e o pai incestuoso de “A Família Barret”, quando ele ainda não tinha a total consciência, suficiência ou maneirismos de sua elogiada técnica teatral. Contudo, nesta fita japonesa duas más reaparições: a do diretor Kinoshita, sempre pretencioso mas pouco eficiente, e da “estrela” Hideko Takamine, invariavelmente desenxabida e estomagada. Nos demais papéis, os experientes Takahiro Tamura, que era galã no Shochiku e Sayuri Yoshinaga, uma das estrelinhas jovens da penúltima fase da Nikkatsu.”


Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 02/08/81.

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