segunda-feira, 1 de junho de 2009

GORDOS E MAGROS


“A última (foi exibida na quinta-feira) das co-produções da Embrafilme que sua distribuidora viu-se compelida a colocar por somente um dia no festival nacional do Cinesesc. Estréia do fotógrafo Mario Carneiro na direção. Na concepção e na pronta e prazerosa aceitação de tudo, os sempiternos demônios interiores da xenofobia e do maniqueísmo ideológico. Um mundo de gordos (ricos, burgueses, culpados) devora o gueto dos magros: os pobres, os desamparados, os ignorados, os humilhados e ofendidos, que nunca são aqueles que há 30 ou 15 anos vêm se beneficiando da imaturidade política e profilática que impera neste país. A crítica carioca afim, e a colonizada por ela, só poderia adorar e ver inteligência e carapuças geniais em tudo. Talvez veja mesmo – é a afinidade eletiva, o nivelamento cultural e de interesses, as amizades e inimizades, patota enfim. Ah! Como certos grupos nunca perdem seus vezos, certas tendências nunca são modificadas. Getúlio Vargas sempre disse lutar contra os males do perrepismo, que passaram por uma metempsicose para ele mesmo. O Brasil tanto falou contra o matreirismo pessedista que está ai, ainda vivo e redivivo como se nunca houvesse sido desmascarado.”


Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 06/04/80.

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