segunda-feira, 1 de junho de 2009

MAÇA (“The Apple”)


“Musical (dos EUA ou, talvez, de Israel), provavelmente desservido pela múltipla atuação do medíocre Menahem Golan. No entanto, o cenógrafo Jürgen Kiebach e a figurinista Ingrid Zoré são os mesmos e excepcionais de “Tiro de Misericórdia”. A ação gira em torno do poder do “rock” no ano de 1994. Não será um tanto prematuro, ou um tanto “ficção científica”, pensar que daqui a 13 anos o “rock” continuará mandando nesta verdadeira areia movediça em que se estão transformando a vida e a sociedade em nosso planeta? Bastará que alguém invente algum satânico dispositivo, tipo antigo rádio combinado com TV, mas sem necessitar estação transmissora e dependendo apenas de um dial maluco que capte imagens e sons que se estarão passando em qualquer local e hora sem precisar mais nada que algum cruzamento de tabelinhas e o mundo inteiro, “privacidade” (vá também lá a palavra pernóstica) alguma, segredo algum, esconderijos quaisquer, ficarão a salvo da devassa ou da bisbilhotice dos possíveis futuros seis, oito ou dez bilhões de seres à deriva que estarão saturando o planeta. Segundo a sinopse, “a época é 1994 e o mundo estará completamente louco. Essa loucura exterioriza-se principalmente através da música. Sua explosão maior acontece num festival de música transmitido mundialmente através de 99 canais dolby, que desencadeia uma verdadeira orgia de emoções e histeria. Pandi (Grace Kennedy) e Dandi (Allan Love) são os astros de rock do momento e apresentam seu último sucesso The Bim que está preparado para levar todos ao delírio. Nos bastidores estão Bogdalov (o horrível Vladek Sheybal), o diabólico promotor do festival e seu assistente Shake (Ray Shell), ocupadíssimo em manter o frenesi da música alucinante. De repente, algo sai errado. Dois novatos, Alphie (George Gilmour) e Bibi (Catherine Mary Stewart), entram no palco para defender a composição deles, concorrente no festival...”. O pior, ou o irônico é que com toda essa pretensão futurológica, desde o advento do sonoro em 1929, de certo modo, tal tipo de história e de “problemática” já foi feita e invectivada como “escapista e superficial”, pelo menos um milhar de vezes.”


Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 10/01/82.

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