sábado, 4 de abril de 2009

PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO


“Hector Babenco sabe como fazer filmes comerciais, com suficiente lastro e que, não só correspondem na bilheteria como também carreiam-lhe boa dose daquele apoio prévio, amplo, incondicional e irrestrito que só determinadas fitas nacionais conseguem ter neste nosso especifico ambiente de produção, promoção, exibição, consumo e criticismo cinematográfico. Apesar da “argentínica nostalgia” de “O Rei da Noite” era evidente (sobretudo no romântico-evocativo tratamento dado à figura de Dorothée-Marie Bouvier) que ele tinha domínio e condições para o êxito. Em “Lúcio Flávio” também, apesar da sombra de “facilidades” e de “oportunidade” excessivas, dadas pela fama do delegado Fleury. E, apesar do abuso intencional de “hokum” e violência, era também inegável o desafio equilibrista daquela seqüência pré-final quando o protagonista sonha que está sendo assassinado pelos companheiros de cela. Agora Babenco se envolve com um tema já trilhado com perigo por Anselmo Duarte e pelo narcisismo de Pelé em “Os Trombadinhas”. Mas, entre um elenco profissional, cujo denominador se pode também questionar, ele, a julgar pelo “trailler”, teve a sorte ou o cálculo exato de contar com um ator infantil que parece irá “pegar” como o menino Fernando Ramos da Silva.”.


Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 21/09/80.

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