sábado, 4 de abril de 2009

A DAMA DAS CAMÉLIAS (“La Vera Storia della Signora delle Camelie” – “La Dame aux Camelias”)


“Afã inútil. Desde 1936, no mínimo, desde o filme com Greta Garbo, já essa preocupação em justificar, em atualizar ou desmistificar a história de a Dama das Camélias. Aqui, tão procurada verdadeira tragédia de Alphonsine Du Plessis, que aliás não são tão poucas assim as pessoas mais ou menos alfabetizadas que desconhecem. Fonte de inspiração, legendas, isso mesmo. O importante é que esta versão de 1981 (italiana ou francesa?) é uma reunião de escolhas e colocação de nomes, figuras, prestígios e talentos que fascina. Quando, um décimo dos cineastas e críticos de nosso ambiente, estarão naturalmente aptos a justamente avaliar e se deixar fascinar por procedimentos afins, que são, aliás, o que fez a grandeza e a mítica de Hollywood, do cinema expressionista alemão e dos melhores momentos de todo o cinema mundial, do movimento internacional de teatro, ópera e tudo o mais? Aqui, a maravilhosa Isabelle Huppert de La Dentellière é a heroína, Volonté é seu desconhecido e miserando pai e o extraordinário Bruno Ganz de “Nosferatu” e “O Amigo Americano”, o conde que a protege e intimida. Na ambientação, Garbuglia; nos figurinos, Piero Tosi. No colorido, o verdadeiro Technicolor. Ainda no elenco, a ballerina Carla Fracci, que foi Mme. Karsavina em “Nijinski”. E coroando tudo, o gosto refinado de Bolognini. Um fascínio, sem dúvida.”

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 09/08/81.

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