sábado, 4 de abril de 2009

WILLIE E PHIL (“Willie & Phil”)


“Willie & Phil”, de Mazursky, é soberbo e, de longe, o melhor filme de 1980. Assim, em agosto ainda não acabado o ano, se manifestava o crítico Richard Gertner no Motion Picture Herald sobre este novo filme do diretor de “Harry e seu Amigo Tonto” e “Uma Mulher Descasada”, reforçando ainda seu entusiasmo na classificação de “Excelente”. Realmente, Mazursky merece, pois é o diretor dotado de mais visão de conjunto, mais capacidade de realismo, poesia, maturidade e integridade narrativa da Hollywood atual. É certo que seu filme de estréia, “Bob e Carol & Ted e Alice” não nos impressionou, talvez devido ao fraco elenco, mas a humanidade de seu filme sobre o velho e seu gato e a precisão e força de observação humana de “Uma Mulher Descasada” dão-lhe realmente, de longe, um lugar ímpar na atual e tão deteriorada produção de Hollywood. Aqui podemos discordar da homenagem a Truffaut e à desnecessária emulação feita a “Jules et Jim”, podemos não gostar do duo central de atores (sobretudo de Ray Sharkey, que faz o amigo italiano), podemos, mais uma vez, nos horrorizar com a feiúra e a pouca simpatia de Margot Kidder (ainda mais em confronto com Jeanne Moreau, que era quem “justificava” aquele filme francês). Mas não podemos deixar de apreciar o domínio cinemático e o forte teor de estilo que há no trabalho de Mazursky.”


Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 27/09/81.

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