quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A DEUSA DE MARMORE, ESCRAVA DO DIABO


"Uma fantasia erótica, com heranças do cinema de “Zé do Caixão” (o próprio está no elenco, no papel de um demônio chamado assim mesmo: Sete Encruzilhada, o que dá ao filme também um indisfarçável elo de “ligação intelectual” com a macumba). Imaginado, produzido (a duras penas), escrito, criado (?), dirigido e hiper “estrelado” pela beleza quadragenária (ou década e meia além), pretendidamente à Jean Harlow ou Marilyn Monroe, que Rosangela Maldonado (a julgar pela aplicação de purpurina em “seta” e trajes) julga que pode ostentar impunemente em 1978. Na história ela é uma deusa de 2.000 anos de idade que “se conserva jovem e sedutora” dando a Zé do Caixão as almas dos inúmeros que ela consegue sugar com o beijo fatal, no “preciso momento” em que os pobres varões “mais estão cedendo à tentação”. Seu Sete, porém, é insaciável e mais almas masculinas exige, sob pena de deixá-la parecer a idade que realmente tem, se ela não lhe fornecer as toneladas do material em demanda. Uma “Ela, A Feiticeira”, “Boca do Lixo”? Ou um tremebundo “kitsch” do mesmo local para ser enviado de presente, com um “mimo” hispano-luso-afro-brasileiro a Betty Friedan? Ou talvez mais um “maravilhoso” filme nacional para ser adquirido de olhos vendados pela distribuidora-exibidora Hawai? Tudo é possível, menos a vitória – ainda que momentânea – da massa cinzenta."


Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 19/11/78.


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