quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

1900, PARTE I (Novecento Atto I)


"Aceitação e concretização de um dos mais ambiciosos projetos do cinema italiano desde a “assunção” determinada internacionalmente pelos PC e “intelectuais” de todo este “snob”, farisaico e incorrigivelmente suicida mundo ocidental. Disposição de enormes custos e recursos de produção. E aqui está o novo filme (5 horas e 20 minutos na versão original, podado em mais de uma hora na versão internacional e aqui além de dividido em 2 partes ainda com cenas que passaram pela tesoura da censura), com elenco milionário (até a legendária Francesca Bertini, a belíssima e fatal “diva” das décadas de dez e vinte) no papel da Sóror Desolata, a irmã de Burt Lancaster. Intenção manifesta: começar com a execução de Mussollini e recuar até o início do século para fazer um mural “analítico” sobre o fascismo. Acontece porém que, ao que nos parece, a visão do fascismo de Bertolucci ainda é também a da “moléstia infantil” que já era pedra na inteligência, no realismo e na lucidez até dos velhos bolcheviques da revolução de outubro. Ademais, Bertolucci tem o “estilo” cinemático de contar em 330 minutos o que poderia fazê-lo até em menos de 160. Contudo, um filme cuidado, caprichado – não tem quase atores italianos, veio dublado em inglês mas tem La Bertini, tem Dominique Sanda, tem Laura Betti, tem Alida Valli – um filme importante, para quem acha que não pode prescindir de nada “que seja tido como importante”."


Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 19/11/78.

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