domingo, 15 de julho de 2007

A VOLTA DE CARMEN ("KARUMEN KOKYO NI KAERU")

"Um clássico do cinema japonês, sua primeira realização a cores, obra muito comentada e elogiada mas que, não obstante todas essas qualificações, só agora, com 26 anos de atraso, chega até este melancólico mercado cinematográfico brasileiro. E mesmo assim porque a fita foi recentemente “reprisada” para comemorar o 55º aniversário dos estúdios Shochiku. Atualmente o cinema colorido tornou-se rotina, desleixo, incompetência e (ao contrário dos tempos em que pontificavam as pesquisas de Mamoulian e logo a revelação dos “westerns” e “capa-e-espadas” da Columbia e da Universal e dos “musicais” da Metro) até faz que com se fique desejando um gradual e substancial retorno às possibilidades criativas especificas do branco-e-preto. Entre 1945 e 55, cor em cinema era sinônimo de real procura plástica, dramática e rítmica e impossível esquecer não só o deslumbramento que foi aqui em São Paulo a primeira exibição de um filme colorido japonês – “Tudo por Amor”, de Shigueo Tanaka – como principalmente da enxurrada de obras-primas de Uchida, Makino, Ohsone, Naruse, Tazaka Tomotaka, Sugawa e tantos outros, que se seguiram. Kinoshita é o diretor de “Sublime Dedicação”, “A Lenda do Narayama”, “Murmúrios do Rio Fuefuki”, todas fitas de grande aceitação, sobretudo nos círculos “engagés”. E depois desta, repetiu personagem (Carmen, a cantora e dançarina), e atriz (Hideko Takamine) noutra fita que aqui, em 57, mais ou menos, igualmente movimentou os partidários: “A Grande Paixão de Carmen”. Neste “A Volta de Carmen” tudo acontece porque uma “estrela” volta à cidade natal. Além de Hideko, a fita traz outros atores prestigiosos ou essenciais do período: Chuji Sano, Chishu Ryu, o falecido Keiji Sada. Uma apresentação nipônica de antecedentes hoje em dia raríssimos e que precisa ser examinada."

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 26/12/76.




2 comentários:

Ronald Perrone disse...

Humm, gostei. Não conhecia esse filme. A cada crítica, uma aula de cinema, hehe
Abraços!

Anônimo disse...

As "Indicações" eram isso mesmo, Ronald: verdadeiras aulas de cinema :) Abraço!