quarta-feira, 18 de julho de 2007

GOYA ("GOYA - ODER DER ARGE WEG DER ERKENNTNIS")

"A Vida de Goya, uma árdua jornada para o conhecimento", segundo o romance do mesmo Feuchtwanger de "O Judeu Suss" e em produção da Alemanha Oriental. Uma raridade para nós, pois até hoje, ao que lembramos, não tivemos mais de três filmes dessa procedência. Co-produzida pela DEFA da Berlim do outro lado do muro e pela "Lenfilm" de Leningrado, a fita naturalmente procura interpretar a vida de Goya do ponto de vista marxista-leninista. Stalinista, para falar mais claro. Mas dada a procedência, o fato não deixa de ser mais natural e honesto do que acontece sobretudo por aqui, onde o que se faz é stalinismo puro, mas nada nem ninguém pertence a grei - são tudo e todos democratas da mais pura estirpe de Thomas Jefferson ou Thomas Payne ou uma lucidez dialética que faria Rosa Luxemburgo estourar de despeito. O menos que pode acontecer é uma confusão enorme, um desaprendizado terrível na cabeça do espectador mais desavisado. Neste "GOYA" não. O filme vem com a bandeira desfraldada e, apesar dos perigos de super-produção histórica e pomposa, aparenta flagrantes cuidados de encenação e traz um elenco formado por artistas de sete países, onde merecem menção o lituano Donatas Banionis (o excelente interprete de "Solaris") no papel do realmente revolucionário pintor espanhol e o polonês Mieczyslaw Voit (o memorável exorcista de "Madre Joana dos Anjos" e o eremita de "Faraó"). A ver."

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 18/07/76.

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