segunda-feira, 23 de julho de 2007

O VAMPIRO DE COPACABANA

“Um filme bastante além do que a primeira vista pode sugerir o seu título – “O Vampiro de Copacabana”. Em verdade, mais do que um adventício “horror à brasileira” é uma narrativa que procura outra densidade ao analisar o desgaste, a revolta, as lutas e desilusões, os desencontros do dia a dia de um obscuro chefe de família (André Valli), que, como catarse, acaba inconscientemente liberando todos os egos ocultos, transformando-se num triste e amargo conquistador de mulheres ainda mais tristes e infelizes do que ele, num Mr. Hyde de esquinas sem perspectivas, num vampiro, num falso monstro que se torna ainda mais frustrado que sua inocente e também maltratada esposa (Ângela Valério). Um filme carioca de nível incomparavelmente acima das habituais “chanchadas” paulistas e guanabarinas a que o circuito Olido se tem e nos tem obrigado nos últimos tempos – não sabemos como isso foi acontecer, talvez uma substituição às pressas para a planejada mas gorada segunda semana da “pornochanchada” em cartaz. De qualquer maneira, um filme do mesmo Xavier de Oliveira do esplêndido e (aqui em São Paulo) louvado e laureado “André, a Cara e a Coragem”. No elenco de apoio, gente muitas vezes apreciável como Rossana Ghessa, Otávio Augusto, Miriam Pires, além do indiscutível valor de Ângela Valério, provavelmente e com muita justiça, uma das intérpretes favoritas do cineasta. A ver, obrigatoriamente.”

Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 25/09/77.


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