domingo, 2 de setembro de 2007

RELAÇÕES HUMANAS ("ROGOPAG")

“Porque o nosso ambiente cinematográfico é muito superior, muito mais civilizado do que os de Londres, Paris, Roma, Nova York, Berlim ou Estocolmo, foram necessários nada menos de 14 anos para que uma de nossas distribuidoras nacionais (no caso a Roma Filmes) se arriscasse a trazer este filme de quatro histórias e quatro diretores famosos, além de um bom número de fotógrafos e intérpretes de não menor prestígio. No episódio de Rossellini, Rosanna Schiaffino, contrariando seu tipo procaz, é uma secretária de ilibados princípios vitorianos. Godard coloca Alexandra Stewart e Jean-Marc Bory às voltas com aquele pavor que os tartufos dos anos 60 viviam apregoando que nem por um minuto sequer deixavam de ter, pensando nas conseqüências de uma superexplosãe uma superexplosao oavor que os tartufos dos anos 60 viviam apregoando que nem por um minuto sequer deixavam de ter, pensando o atômica. Gregoretti envolve o casal Ugo Tognazzi – Lisa Gastoni em meio ao absurdo do “boom” econômico. Mas é o episódio de Pasolini (onde aparece Orson Welles e no qual Laura Betti, a criada de “Teorema”, realmente tem um momento da mais alta especificidade interpretativa como a desdenhosa atriz incumbida do papel da Virgem Maria) de longe o melhor e mais envolvente, extraindo as mais parabólicas ilações a propósito do calvário de um faminto “extra” que faz o Bom Ladrão numa película sobre a Paixão e que acaba morrendo de indigestão (havia aproveitado a oportunidade para se fartar de requeijão), ainda suspenso na cruz e ante a indiferença de toda a equipe de filmagem.”

Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 28/11/76.



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