sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O REI DA NOITE

“Homenagem nostálgica à velha São Paulo do tempo em que ainda havia garoa, ruas escuras, cabarés segundo o modelo francês e uma vida boêmica (não obstante a população ser oito, dez ou doze vezes menor) parecida às das capitais internacionais, como Paris, Budapest, Madrid, Buenos Aires. Ou quase um filme de caráter biográfico? Ou um “hommage” mais à velha e sempre recordada Buenos Aires dos estertores da milonga e da ascenção de Gardel? De qualquer maneira a história de um conquistador à “vieille maniere”, um tanto estranha, um tanto “traduzidamente” chamado Tertuliano Jatobá da Silva, mais nome de jagunço ou cangaceiro do que de contemporâneo de Valentino, Ricardo Cortez, Adolphe Menjou, Paraguassú, Batista Junior. Tertuliano, ou melhor Tézinho é Paulo José, o Rei da Noite, enquanto que Marília Pêra, muito misto de Barbara Streisand e de Dulcina de Morais, é Pupi, a sensação dos “auberges” de Cristal, dos “Moulin Rouge” das antigas ruas Aurora, Sete de Abril ou Amador Bueno. E a atriz de formação circense, Vic Militello, elogiadíssima pela equipe realizadora, faz a esposa predatória e infiel de Tézinho. Aqui o cenógrafo Laonte Klawa poderá ter encontrado ótima oportunidade. A fita lança um novo diretor paulista, na pessoa do rumeno-argentino Hector Babenco, o mesmo que participou de “O Fabuloso Fitipaldi” e que já trabalhou na Sincro Filmes e, ao que parece, também no cinema publicitário. E no elenco suplementar, duas figuras efetivas do cinema de São Paulo: Francisco Curcio e Carlos Bucka, além da beleza loura de Dorothée Marie Bouvier.”


Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 09/05/76.



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