domingo, 1 de junho de 2008

LUZ DEL FUEGO


““A Embrafilme não produz, não financia, nem se associa a pornochanchadas” – essa é uma saída muito hábil, como todas que sempre se arranjam neste país, onde quase nunca o cinema deixou de ser a falta de auto-estima e de planificação séria e conseqüente. Aqui em São Paulo, como sempre o desbragado populismo (a la antigo Partido Social Progessista) até que é mais bobo e mais inócuo, porque não tem (ou não pode ter) sequer a esperteza de usar celofane, literatura ou rosselinismos como “Eu Te Amo”, “A Dama do Lotação”, “Dona Flor”, “Sete Gatinhos”, “Iracema, Uma Transa Amazônica”, e por aí. Ademais, sexo ou erotismo puro não excluem a observação humana, a qualidade artística, o valor estético (e muita obra metida a social ou combativa pode ser, na realidade, bem mais pornográfica porque pervertedora). Só que é preciso haver quem faça por um motivo de criação e estilo e não para “faturar” ou só tapear. A que tipo pertencerá esta carreira mais “Praça Tiradentes” do que precursora de contestação feminista de “Luz del Fuego”, que David Neves realizou com todo o aval da “Embra” e “inteligentzia” carioca? E será que o papel era mesmo para a magrinha Lucélia Santos ou mais para a pesadona Mara Prado, aliás paulistas ambas?”

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 04/04/82.

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