domingo, 1 de junho de 2008

A DEUSA NEGRA ("Black Goddess”)

"Misteriosa – ou nem tanto? co-produção com a Nigéria, dirigida, entretanto, por um elemento digno e respeitável como Ola Balogum. O diabo é que a influência do “cinema novismo”, ou da ânsia de folclore turístico, que são um dos muitos estigmas do cinema brasileiro, podem ter atrapalhado o cineasta africano, que tem tanto direito de fazer cinema entre nós como o tem o italiano Michelangelo Antonioni (que aliás queria e em 1969 até nos falou disso) ou o sueco Arne Sucksdorff, que aliás já vive há mais de dez anos aqui (em Mato Grosso, para sermos mais precisos), com filho nascido lá e que continua ignorado por toda a “genialidade” do uísque e do “gangsterismo” que pulula em nosso inefável ambiente cinematográfico – “cultural”, subserviente a Moscou e a quanto “bezerro de ouro” apareça na praça. Na história, um africano (Jorge Coutinho) vem ao Brasil visitar parentes e, logo, à procura de suas raízes – aqui? – vai consultar uma “mãe-de-santo” e vive então uma história de metempsicoses e avanços e recuos no tempo e no espaço, com troca, revivescência, reencarnações ou mutações psíquicas ou sociais de personagens, algo assim como “Magus, o Falso Deus”, de Guy Green ou mesmo o paulista e “maldito” “O Longo Caminho da Morte”, de Julio Calasso. A fita aqui esteve anunciada para a sexta-feira anterior, mas só anteontem é que foi lançada.”


Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de
01/06/80.

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