domingo, 24 de abril de 2011

AS DESQUITADAS EM LUA DE MEL

“O que transforma um filme em “pornô-chanchada”? Nem sempre os atores caricatos ou circenses (porque às vezes interpretes excelentes não conseguem evitar a “debacle”, figuras comprometidas ao serem tratadas com dignidade resultam positivas). Nem sempre, também, o erotismo, o sexo cru ou a sua exacerbação, pois senão o que dizer do Boccaccio ou das literaturas ou obras “audazes” de vários países? Em verdade é a entrega prévia e sem rebuços a um tom subalterno, predatório e condenável, um tom (ou sua falta) que violenta qualquer realidade. E aqui temos mais uma vez ocasião de defrontar com o “problema”. Em primeiro lugar as histórias de Salvá (são duas e até que poderiam ser boas) não tratam do que o título sugere mas sim da reconciliação de duas desquitadas com os respectivos ex-maridos. E tudo fica comprometido pela intenção inicial de já querer fazer o pior, já “apelar”. No elenco, provavelmente o domínio deverá ficar com o verismo de tipo de Otávio Augusto.”

Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 18/09/77.

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