"Um dos casos mais pungentes, talvez a ironia mais cruel da história do cinema brasileiro: justamente agora que conhecia finalmente o tão sonhado êxito, que boa parte da crítica mais lúcida, exigente ou responsável do País não se furtava, regozijava-se com o nível de criação alcançado por seus dois últimos trabalhos, o extraordinário, o pungente e belo “Relatório de um Homem Casado” e este “A Extorsão” que o crítico Ely Azeredo no “Jornal do Brasil” colocou em plano de absoluta exceção e que conquistou o prêmio de melhor filme e de melhor atriz coadjuvante para Suzana Faini no “Festival de Lages”, o batalhador Flávio Tambellini desaparece. Desaparece o homem a quem quase todos os que estão fazendo o melhor e mais amparado cinema no Brasil devem esse “simples”, esse “corriqueiro” fato de estarem trabalhando, criando, se realizando. Aqui, como no também citado e nunca suficientemente louvado “Relatório”, Tambellini utilizou-se de uma história de Rubem Fonseca e apresenta o desdobrar em leque, o movimento em espiral, a reação em cadeia de um processo de extorsão, de patologia e decadência, de contingência humana, terrível, confrangedor e quase simbólico. Um filme dos mais necessariamente a serem vistos em todo o cinema atual, um filme que também – a exemplo do que sucedeu com “O Passageiro”, de Antonioni – jamais a C.I.C. e o novo circuito Metro deveriam ter lançado sem a devida publicidade e da maneira apressada como o fizeram. De qualquer maneira, já está
* Este filme será exibido no Canal Brasil, dia 29/02, à 00:00h.
Nenhum comentário:
Postar um comentário