“Se ainda preciso fosse, eis uma prova de como o nosso é um dos mais falhos mercados exibidores do mundo: este antológico filme de Antonioni, o segundo longa-metragem de um dos maiores diretores do cinema. Aliás de Antonioni aqui também não vimos seu filme seguinte (um episódio em “Amore in Cittá”) como vergonhosamente também jamais vimos “I Tre Volti”, com a princesa Soraya, nem o não proibido, mas também não liberado “Zabriskie Point”, nem muito menos o elogiadíssimo documentário sobre a China. Aqui, e dez anos antes de Louis Malle fazer o paradigmático “Vie Privée” de Brigitte Bardot, o cineasta de “La Notte ” ousadamente criou uma história para mostrar o que poderia haver de excuso por trás da ascensão de um ídolo do cinema e para o papel título convidou Gina Lollobrigida. Menos por inteligência do que por outra coisa, a então aduladíssima Lollo recusou o papel. Mas Lucia Bosé, na época muito jovem e lindíssima, aceitou-o. E assim foi criada esta fita sarcástica, cruel, friamente humana, impiedosa até. Que de há muito pertence à História do Cinema e que, de maneira alguma, um amante ou estudioso de cinema poderá perder.”
Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 22/08/76.
Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 22/08/76.
7 comentários:
Já tem tempo, coloque tempo nisso, que a Versátil promete este Antonioni e outras da década de 50 e, até hoje, nada!
É mesmo, Marcos. No site da Versátil está escrito "Breve". Precisamos saber quanto tempo é esse "Breve" deles...
Incrível como Biáfora bradava contra o (péssimo) mercado distribuidor de filmes, o pior é que, se vivo, ele continuaria bradando contra a inépcia desse sistema!
Bela homenagem, Sergio. Sempre lembro de sua admiração por O passageiro, profissão repórter. Um beijo, querido!
curiosidade: 'googlei' Biáfora e os primeiros resultados (bem como a grande maioria deles) são o seu blog e menções da Revista Zingu!
Biáfora sabia das coisas, sem dúvida...
Graciele, e ele bradava numa época em que eram lançados 10 filmes por semana, em média. Ou seja, tinhamos mais de 500 filmes novos por ano! Bjs.
Com certeza, Moacy :)
Nossa! Não sabia desses números! Fiquei mais impressionada ainda, afinal há semanas em que se lançam uns 5 filmes...no máximo, qdo sai algum blockbuster então....aí são dois e olhe lá.
Uma pobreza, mesmo!
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