"Bergman, hoje admirado, respeitado, hoje praticamente mito e tabu no mundo inteiro, quando conseguiu enviar esta fita a Cannes-56 e foi medrosa e desconversadamente agraciado com um vago prêmio do humor poético (talvez nem prêmio, apenas avara menção) já havia escrito cinco filmes – entre os quais os aqui conhecidos “Tortura de um Desejo” (Hets), 44, e “A Mulher e a Tentação” (Eva) 48, já havia dirigido 15 outros, dos quais também aqui já conhecíamos “Sede de Paixões”, “Juventude”, “Mônica e o Desejo”, “Noites de Circo”, “Quando as Mulheres Esperam”, “Uma Lição de Amor”.
As quatro primeiras obras-primas absolutas, sendo que o impacto “Noites de Circo” no I Festival de Cinema de São Paulo – março de 54 – já situava o cineasta entre os maiores de toda a história do cinema, como tivemos ocasião de afirmar por ocasião de sua menosprezada programação numa mera “matinée” da mostra paulista. A verdade é que o episódio sofisticado (o do elevador) em “Quando as Mulheres...” e mais o toque de comédia de “Lição” agradavam muito mais a nossa como sempre acadêmica e estratificada crítica. E ninguém queria nada com o mundo das tremendas humilhações, do peso do Destino e infernal dilaceramento psíquico que constituíam a tônica do artista. E foi preciso que ele levasse o humor de “Quando” e “Lição” ao extremo, que enveredasse pelo “marivaudage” e se aproximasse do literário e do picante de uma farândula francesa como “As Regras do Jogo”, de Renoir, para tanto na França como aqui, ou até mesmo
segunda-feira, 30 de julho de 2007
SORRISOS DE UMA NOITE DE VERÃO, Ex-SORRISOS DE UMA NOITE DE AMOR ("Sommarnattens Leende")
Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 10/06/79.
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4 comentários:
Emocionante homenagem, Sérgio. Bergman foi crucial na minha formação cinéfila e as palavras do Biáfiora sintetizam a obra dele com perfeição. E Sorrisos é um belíssimo filme!
Abraços!
O Biáfora tem textos pra toda ocasião, hein!? Vi outro dia Noites de Circo. Filmaço! Mas depois de Gritos e Sussurros, o meu outro preferido é O Ovo da Serpente, seguido de Persona e Morangos Silvestres. Precisaria rever O Sétimo Selo.
Uma boa crítica, a do Biáfora. Quando vi "Sorrisos..." em São Paulo (que acredito ter sido no Olido, se a memória não me falha, mas pode ter sido no Normandie), decerto se tratava de reprise. Na verdade, entre 20/dez/59 e 10/fev/60 vi ótimos filmes em SP e São Caetano do Sul, onde fiquei hospedado na casa de uma tia. Um abraço.
Sorrisos é um dos que ainda não vi. Felizmente tenho muita coisa dele pra me deliciar. Grande mestre, descanse em paz.
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