quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

PARANÓIA

"Marginais invadem a casa de uma família rica e dão vazão às suas anomalias, imobilizando e humilhando o dono e estuprando as mulheres. Alongamento de uma sequência de “O Bandido da Luz Vermelha” (a de Sergio Hingst e Liliana Kornblum, com o próprio e inacreditável Paulo Villaça no papel do tarado) ou de outra em “O Matador” com Maracy Mello e ainda Villaça! De certo modo, uma emulação (ah! Senhor Carlos Heitor Cony!) do entrecho de “Horas de Desespero” (“The Desperate Hours”), de Wyler, com Humphrey Bogart e Fredric March. O diretor, o amazonense Antonio Calmon, é o mesmo que revelou gosto visual mas acepções discutíveis em “O Capitão Bandeira Contra o Dr. Moura Brasil”. No elenco, a reunião de dois mitos do nosso cinema, cada um em seu plano e por motivos diferentes: Norma Benguel e Anselmo Duarte. Lamentavelmente e para corroborar que no ambiente de nossa cinematografia se ignoram as questões mais comezinhas, até mesmo de títulos de apresentação e publicidade fílmica, ambos, com todo o seu lastro e mesmo fazendo os papéis principais (coisa que nem sempre ocorre, coisa de que nunca cuida quem deve), não receberam o tratamento devido aos astros que realmente são (o que, ademais, teria elevado o “status” da película). Mas, em contrapartida, no mesmo cartaz, há uma apresentação de dois novos intérpretes, absolutamente sem sentido, absolutamente ignorante de que isto só se faz quando se lança de fato alguém que realmente vai ser a Ingrid Bergman de “Intermezzo” ou a Vivien Leigh de “...e o Vento Levou”."


Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 06/06/76.



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