domingo, 4 de maio de 2008

KUMOKIRI MIZAEMON, O JUSTICEIRO ("Kumokiri Mizaemon")

“Pela ambição a grande espetáculo de “background” samurai, pelos custos que, de uma forma ou outra, tiveram de ser dispendidos, pela longa-metragem, inerente aos filmes épicos (160 minutos), pelo extenso e, em muitos casos, valioso grupo de intérpretes que foi necessário mobilizar, ainda que a atual maré não ande boa para o cinema japonês (como de resto, não o anda para a maioria dos cinemas de outros países, exceção feita, talvez, aos da Alemanha, Itália, Hungria, e Iugoslávia), uma fita de certo empenho e apuro que possivelmente vale a pena examinar. No papel principal o terrível e nada japonês Tatsuya Nakadai, que Kurosawa, na falta de seu ator predileto, Toshiro Mifune, em má hora resolveu convocar, tornando a emenda pior do que o soneto (mesmo porque, Mifune, com a idade anda ficando mais contido e de certo modo já faz parte da mítica kurosaweana). Aqui o catatônico, “poseur” e aparvalhado Nakadai é um ladrão que se pretende tipo Robin Hood e tem como amantes fiéis nada menos que a sensível e suave veterana Shima Iwashita e a belíssima novata Keiko Matsuzaka. Em seu encalço está o “kabukeano” Somegoro Ichikawa, este sim um ator de verdade e dos melhores que o cinema, e os teatro moderno e clássico do Japão há uns 20 anos, contam. Entre as outras verdades e eficiências do elenco estão Joe Shishido (como um massagista cego), o também tão “kabukeano” Koshiro Matsumoto (ator, talvez, até mais clássico e distinguido que Ichikawa), além do sempre marcante e importante Tetsuro Tamba”.

Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 19/04/81.

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