“História de amor entre um operário de Milão (infelizmente Giuliano Gemma) e uma sua colega de fábrica, Carmella (a espontânea Stefania Sandrelli), moça vinda do Sul e sufocada pelos preconceitos, pelas típicas obrigações de honra e dignidade da gente de sua região. Apesar dos percalços e da vigilância do irmão da moça, o amor vence e ambos se casam. Mas como em “Amor até a Eternidade” do japonês Eisuke Takizawa ou como “Love Story” americano com Ryan O’Neal e Ali McGraw, o Destino, a doença ou a miséria cobram o seu tributo, num desfecho que seria melodramático caso o autor Pirro e o co-roteirista e diretor Comencini não lhe dessem um adendo que o leva para um estranho tipo de contestação ou fatalismo, à maneira de Giovanni Verga ou de Grazia Deledda. A fita não foi muito bem recebida pela crítica italiana engajada, menos ainda pelo ainda mais metido e engajado (ainda que cada vez mais outro) júri de Cannes. Acontece porém que depois a engajadíssima equipe da revista “Écran” resolveu redescobrir e apoiar Luigi Comencini, o mesmo de quem a última fita aqui vista foi “Quando o Amor é Cruel” (“L’Incompresso”), ainda na inicial “fase de arte” do “Marachá-Augusta” e colocou este “Delitto d’Amore” em grande gala. Menos por isso do que pelas virtudes e delicadeza de “L’Incompresso”, mais um filme italiano a analisar com atenção.”
Publicado originalmente no "O Estado de S. Paulo" de 03/10/76.